O CLUBE

DIRETORIA:

Presidente: Rodrigo Alessandro Becassi

Vice-Presidente: Thiago Gonçalves Neme

Diretor Financeiro: João Carlos Fiscarelli

Vice-Diretor Financeiro: Magner Sebastião Barbosa

CONSELHO DELIBERATIVO:

Presidente: Mario Frigero Junior

Membros: Adilson Custódio, Rogério Henrique Amaral, Dirceu Aparecido Ferreira, Antonio Junquetti

DÉCADA DE 40

A SAGA DOS IMIGRANTES ITALIANOS
Início da década de 40: Araraquara, com quase 30 mil habitantes, constituía-se num promissor centro industrial e financeiro do Estado de São Paulo. A região, impulsionada pela riqueza do ciclo do café e a crescente industrialização, já demonstrava sua tendência progressista, fervilhando e avançando em todas as direções de São Paulo. A vida urbana, ainda que pacata, deixava transparecer os sintomas de um comércio diversificado; o avanço das atividades culturais e artísticas espelhava a valorosa contribuição do trabalho empreendedor da comunidade italiana no desenvolvimento da cidade. Nesse cenário de muitas transformações e crescimento acelerado, a sociedade italiana vivia os efeitos da II Guerra Mundial.

O historiador Rodolpho Telarolli chegou a mencionar em suas pesquisas que as sociedades de imigrantes eram, também, uma forma de resistir à hostilidade de que eram alvo por parte da sociedade tradicional grupos de estrangeiros,é verdade, participavam quase que exclusivamente os imigrantes ligados às atividades urbanas (que,eventualmente, eram também proprietários de terra): artesãos, profissional-liberais, comerciantes e pequenos industriais. Nessas agremiações, das quais estava excluído o grosso dos contingentes que viviam do trabalho na lavoura do café, o imigrante praticava atividades culturais variadas, evocando uma saudade pela Europa distante. E, assim, eram formadas as entidades de imigrantes, resistindo à agressão imposta pela sociedade local. Os “Barões do Café”, que no campo dependiam da mão-de-obra do italiano, por um lado, acabavam repudiando o “atrevimento” das justas reivindicações originadas no descumprimento de cláusulas de contrato de trabalho. Nas cidades, nem sempre viam com bons olhos a ascensão social e o casamento com brasileiras. Essa situação já vinha se prolongando desde o começo do século, e, pouca alteração ocorrera ao final da década de trinta. É comum, hoje em dia, falando da saga dos imigrantes italianos, que para Araraquara começaram a chegar por volta de 1890, lembrar a propósito de exaltação do trabalho e do sucesso econômico, nomes como Lupo, Barbieri, Michetti, Gravina, Minervíno, Abrita, Storino, Negrini, Picarollo, Lombardi, Longo, Cefaly e outros.

A maioria dos que ascenderam tinham uma qualificação e, não raro, traziam algumas economias sob a forma de libras esterlinas. Para cada um desses homens de sucesso correspondeu alguns milhares de mourejadores de sol a sol e até sob a luz da lua, na dura faina das fazendas de café, onde terminavam os dias em condições de vida quase sempre miseráveis. Aliada a essa situação estava a II Guerra Mundial. As simpatias pelo facismo, principalmente no começo da década de 40 até o fim da guerra, e, represálias contra os italianos do eixo Itália-Japão-Alemanha, formavam o retrato do período. Ana Maria Martinez Corrêa, em sua excelente História Social de Araraquara (1817 a 1930) revela a existência do Clube Socialista Averine, fundado em 1902; uma outra agremiação era a “Societá Meridionale Unitis”, criada no mesmo período. Em 1915, é registrados o funcionamento da Sociedade Italiana de Beneficência e a Sociedade Italiana de Mútuo Socorro.

No começo do século, é também criada a “Societá Uniti Italiani”, ou apenas “Sociedade Italiana de Araraquara”, sendo sua base formada pela classe média, com sede na avenida Portugal (outrora Avenida 4). Com o alinhamento do Brasil a favor das potências aliadas, as agremiações italianas tiveram suas atividades suspensas, interditadas ou colocadas sob intervenção e seus bens seqüestrados. O prédio da Sociedade Italiana de Araraquara, construído na primeira década na parte mais central da cidade, mediante cotização dos imigrantes, passou a integrar o patrimônio da Santa Casa de Misericórdia local.

Ao término do conflito mundial, a Sociedade movimentou-se com o fim de obter a reintegração de posse do imóvel, desistindo após um insucesso decorrente de erro no procedimento jurídico adotado, ao dirigir a ação contra a Santa Casa de Misericórdia, quando deveria fazê-lo contra o Governo da União. Poderia ter prosseguido na contenda judiciária o que era desejo só de uma minoria, pois os desenganos dos anos de guerra, mais os novos ventos do país que se democratizava e, mais ainda as convivências de profissionais liberais, comerciantes e industriais, de um relacionamento harmônico e cordial com os brasileiros, determinaram o fim da questão e da sociedade dos imigrantes italianos. Era 1941. O mundo explodia com a Segunda Grande Guerra Mundial; Araraquara queria experimentar o sabor do progresso, contudo, apenas sonhava num tempo em que as cadeiras se esparramavam pelas calçadas nos fins de tarde.

Para os poetas, era o tempo em que as noites abraçavam as serestas, a lua rabiscava o chão e as estrelas pontilhavam as ruas enfeitadas pelas árvores oitis, principalmente na rua São Bento com seus 6,40 m de largura… Era um tempo de sonhos! 16 de abril, uma quarta-feira. Ronald Reagan e Margot Stenvenson, dos stúdios da Wamer Bros, eram os protagonistas do filme “Dinheiro Falso”, no Cine Para todos (hoje Cine Capri), custando o ingresso 1 $500 (platéia) e $700 (balcão).O Restaurante Para todos altos da antiga Agência Chevrolet, hoje Posto de Serviços e Abastecimento anunciava uma refeição sadia,5 com 200 pratos variados, usando como slogan: Conforto, Distinção, Saúde. Muitos entendiam então que “era o supremo paladar que faltava em Araraquara nos anos 40”. Neste restaurante, de propriedade de um alemão vindo de Rio Claro, é que os jovens ouviam pelo rádio as notícias da guerra , outro ponto de encontro da cidade o Café do Centro, de Laurentino Monteiro já era final de tarde quando algumas pessoas discutiam o “aumento da taxa de consumo de água em Araraquara”.

O Prefeito Camilo Gavião de Souza Neves, a propósito, no dia seguinte mandava publicar no Correio da Tarde, um dos jornais da época, o desmentido:- “A Secretaria da Prefeitura Municipal de Araraquara, comunica que, no sentido de desfazer boatos tendenciosos, a taxa de consumo de água com o atual abastecimento não será aumentada ou alterada, permanecendo a mesma de Rs. 8$200 por 25.000 litros.” Também nesta noite, logo depois da primeira sessão do Cine Paratodos, os jovens faziam o “footing”, defronte o Clube Araraquarense e o Teatro Municipal (hoje o Paço Municipal). As moças passeavam na calçada, mergulhadas na poesia de um olhar conquistador dos rapazes, entre as avenidas Itália (depois Duque de Caxias) e Portugal. Pelo menos outros 22 destes jovens (coincidência ou não), estavam apreensivos com outra situação: fundação de um clube social, que se identificasse com os costumes da juventude. Algum tempo antes, Laurival F. C. Mendonça havia conversado com o comerciante Affonso Lombardi, último Presidente da Societá Uniti Italiani ou apenas Sociedade Italiana, pedindo emprestado o salão para a realização de brincadeiras dançantes.

Laurival e alguns companheiros – Jovenil Rodrigues de Souza, Araldo Amaral Arruda e Antonio Salinas de posse permanente da Santa Casa de misericórdia iniciativa já era do conhecimento dos jovens que freqüentavam a vida noturna da cidade, concentrada até então em brinidéia da fundação do clube pela PRD 4- Rádio Cultura, a esta altura preocupada com a vinda do mundial-mente famoso tenor Tito Schipa ao seu auditório no dia 7 de julho.

A medida que o dia da Azevedo, saiam pela cidade nos fins de tarde distribuindo convites para as brincadeiras.

Desta feita, a cessão de uma das salas tinha outro objetivo: reunir os jovens interessados na fundação da nova entidade. Lombardi até achou interessante a ideia. Seria um meio da Sociedade conservar o prédio que mais tarde ficaria cadeiras dançantes no Clube Araraquarense e Grêmio Recreativo 27 de Outubro. Mas, seria preciso intensificar a divulgação. No sábado, 12 de abril de 1941, o locutor da “Araraquara Repórter das Explanadas”, José Mariottini fazia então o convite para que “os jovens prestigiassem a reunião do dia 16 no prédio da Sociedade Italiana.” Da mesma forma, Marcondes Machado e Joffre David anunciavam a reunião foi chegando, a notícia sobre a nova agremiação estava espalhada pelos pontos mais movimentados da cidade: Papelaria do Totó Campana ao lado do Cine Odeon (hoje Veneza), local de freqüência dos leitores dos jornais da época (O Imparcial e o Correio da Tarde), Bar Tamoio do Luiz Gonçalves da Silva e, há quem diga, que o assunto chegou a ser comentado no movimentado Bar e Restaurante Jeronymo, de Jeronymo Pires & Irmão, na rua Cruzeiro do Sul 97 B, Largo da Câmara – fone 121.Numa época em que o café era servido à mesa.

Sem a concorrência desenfreada da cerveja e outras bebidas alcoólicas, um cafezinho proporcionava horas de conversas. Monteiro, do Café do Centro, segundo consta, ouvia a conversa à respeito da agremiação e até apostava na ousadia do grupo. O próprio Preteito Municipal Camilo Gavião de Souza Neves, que dois meses antes (03/02/41) assumira a presidência do Clube Araraquarense, de acordo com as publicações feitas pelo Correio da Tarde, de Lemos da Cruz, com redação e oficina na avenida Espanha, 520, julgou importante o aparecimento de outra agremiação com o objetivo de promover e fortalecer os laços de amizade da população.

O nome nasceu forte em homenagem à cidade Pouco depois das 21 horas do dia 16 de abril de 1941, 22 jovens – Laurival F. C. Mendonça, António Salinas Azevedo, Amadeu Rebúglio, Alfeu F. Schiavon, Jovenil Rodrígues de Souza, Araldo do Amaral Arruda, Ricieri Cefaly, Romulo Cefaly, José Sargi, Mário Rodella, Américo Capaldo, Guerino Petrilli, João Moraes Silveira, Arif Sabino, Osvaldo Paiva, José Haddad, Hormélio de Arruda Pacheco, Francisco Amantéa, Mário Lupo, Jamil Frem, Ary Cera Zanetta e Zulmiro Catalani, se reuniram para fundar o clube, na Sociedade Italiana, avenida Portugal, 418.António Salinas Azevedo, na época com 28 anos (faleceu em 16/12/69), foi eleito para presidir a reunião preparatória, escolhendo para auxiliá-lo Laurival Mendonça e Amadeu Rebúglio, que organizava o erimonial das grandes festas da Refinadora Paulista, à pedido do Comendador Hélio Morganti. Disse aos vinte e um companheiros presentes que “a nova sociedade recreativa por certo teria franco apoio do nosso mundo social, pois que, Araraquara merecia mais sociedades recreativas.

“Depois de solicitar colaboração e argumentar que todos ali seriam considerados Sócios – fundadores, sugeriu a votação para dar denominação à entidade. A ata de 16 de abril de 1941 registra: “terminada a votação, a qual foi realizada por meio de cédulas – unitárias, distribuídas aos presentes, o presidente da mesa, seus auxiliares, e mais um fiscal convidado entre os presentes, realizaram a apuração, verificando-se que, por maioria de votos, a nova sociedade passaria a denominar-se Clube 22 de Agosto.” Após salientar a razão do nome “22 de Agosto” que seria uma homenagem à data de aniversário a cidade, Laurival lançou a ideia para que, cada sócio-fundador apresentasse dois novos associados, no mínimo, para o Baile Inaugural. Frizou que o clube precisava de um bom número e sócios para atender as despesas acarreta determinação: a título extra, os Sócio-fundadores, pagariam em doação ao clube, mais uma mensalidade, cuja importância seria levada a conta das despesas contraídas com o primeiro baile R. Schiavon que secretariava a Assembleia e, o Único casado do grupo, relata em sua primeira ata que “feitas as exposições sobre a fundação do Clube 22 de Agosto, elegeu-se a Diretoria Provisória, sendo escolhido Presidente – Laurival F. C. Mendonça.” Os demais cargos ficaram assim preenchidos: 1º Vice-Presidente: Antônio Salinas Azevedo; 2º Vice-Presidente: Amadeu Rebúglio; 1º Secretário: Alfeu R. Schiavon; 2º Secretário: Jovenil Rodrigues de Souza; 1º Tesoureiro: Araldo Amaral Arruda; 2º Tesoureiro: Ricieri Cefaly. Para o Conselho Fiscal foram escolhidos: José Sargi, Mário Rodella e Romolo Cefaly.

FOTOS ANTIGAS